segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Um espectro ronda o Brasil: o espectro da crise!

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Pelo menos desde o início do corrente ano já era praticamente consenso entre os próprios economistas da ordem, incluindo os governistas, que o modelo “anticrise” adotado em 2008, baseado no estímulo do consumo via crédito, havia se esgotado e que diante de tal cenário seria necessário “apertar os cintos” e aprofundar as privatizações. “2015 será ano de ajustes”, diziam, tendo em vista a impopularidade das medidas e uma eleição no meio do caminho.

Como a necessidade do capital era elevada as medidas de ajustes não puderam esperar 2015 e já se sabia que seriam implementadas tão logo acabassem as eleições. Assim foi feito e ocorreram aumento de juros, de preços, privatizações de hospitais universitários, cortes de recursos do seguro desemprego e auxílio doença, todas receitas de um cardápio indigesto mais extenso que será servido de forma corriqueira no próximo período.

O governo que dizia mentirosamente que combatia a crise financeira de forma distinta de seus pares mundo a fora agora não mais poderá se gabar desse feito imaginário [1]. O aprofundamento do ajuste fiscal e das privatizações, como remédio para a crise, deixará completamente desacreditado esse discurso.

É o programa escolhido diante da crise, e não apenas a confiança dos mercados, que está por trás das nomeações de Dilma na economia e em outras áreas – nomeações que frustraram muitos dos que votaram nela no segundo turno acreditando que assim evitavam um retrocesso – e por isso engana-se quem tenta fazer uma analogia com as nomeações conservadoras de Lula em 2003.

Os crescentes efeitos da crise já não são negados nem pela Presidente, que pediu “união contra crise internacional” [2] aos países da Unasul, nem pelos burocratas sindicais que já se colocaram à disposição para rifar os direitos dos trabalhadores. [3]

Ciente de que a conjuntura social é tensa, que o povo brasileiro tem demonstrado disposição de luta e que suas medidas para garantir o processo de acumulação e reprodução do capital são impopulares e poderão ter fortes e massivas resistências, o Governo Dilma já se prepara para reprimir o movimento de massas como atestam as 9 mil bombas compradas para o treinamento das forças policiais visando as Olimpíadas do Rio de Janeiro. [4]

Diante dessa conjuntura os setores de esquerda críticos ao governo, assim como os ativistas e movimentos sociais não comprometidos com o mesmo, devem organizar e mobilizar desde a base os trabalhadores, estudantes e as classes populares, preparando-os para o duro ajuste que virá.

Não cabem vacilos com pautas distracionistas pois está em jogo quem vai pagar a conta da crise capitalista que se aprofunda no país e o Governo Dilma já está enviando essa fatura para o andar de baixo.


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[1] A crise no Brasil. (06/05/2012):

[2] Dilma pede união contra crise internacional (06/12/2014):
[3] Centrais sindicais propõem 'modelo europeu' de manutenção do emprego (25/11/2014):

[4] Temendo "agitações sociais", governo compra 9.000 bombas para as Olimpíadas (10/12/2014):


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