quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Privatização petista beneficia tucano

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Com forte alarde e sob os holofotes da grande mídia o Governo Dilma anunciou, em tom celebrativo, um complexo eólico na cidade de Santa Vitória do Palmar, localizada no Estado do Rio Grande do Sul, extremo sul do Brasil.

O empreendimento, que será um dos maiores do ramo na América Latina, além de mostrar de forma cristalina o real caráter das privatizações petistas ainda chama atenção pelo fato de beneficiar uma empresa cujo um dos principais acionistas e fundadores é um ex-integrante do Governo FHC.

O Fundo de Investimentos em Participações (FIP) Rio Bravo, que terá 51% no negócio, tem como principal proprietário Gustavo Franco, que foi Presidente do Banco Central na gestão tucana. Os outros 49% serão da Eletrosul, estatal que faz parte do grupo Eletrobras. [1]

Franco não foi apenas membro do governo tucano mas é filiado ao PSDB. [2] Frequentemente surge pedindo por cortes nos gastos públicos, ajuste fiscal e defendendo a competitividade das empresas. [3] No entanto, nenhum protesto esboçou diante do fato de o Estado brasileiro, comandado pelos petistas, construir, com dinheiro público, a infra-estrutura que beneficiará a sua empresa.

"Para escoar a energia dos complexos eólicos do litoral sul gaúcho, a Eletrosul, em parceria com a Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul, irá construir perto de 490 quilômetros de linhas de transmissão, três novas subestações e ampliar uma já existente. A previsão é de que as obras das linhas de transmissão, que devem custar R$ 700 milhões, sejam iniciadas até dezembro." [idem 1]

A "parceria", que inclui a estatal gaúcha Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul (CEEE), mostra o que é o "Estado indutor do desenvolvimento", jargão repetido ad nauseam pelo governador petista Tarso Genro: é o Estado brasileiro garantindo da forma mais segura possível os lucros das grandes empresas.

Tarso reclama de falta de dinheiro para não pagar o piso salarial dos professores do Estado que governa, lei que ele próprio assinou quando ministro do Governo Lula, e ainda insinua que quem critica sua postura contraditória está fazendo o "jogo da direita". Porém, entra em uma "parceria" para beneficiar exatamente a empresa de um tucano!

Antes de Franco o caso mais conhecido de cruzamento de interesses comerciais que atravessava conhecidos de membros do PT e do PSDB era o de Carlos Jereissati, irmão do Senador tucano Tasso Jereissati, com Fábio Luís Lula da Silva, filho do ex-Presidente Lula.

Jereissati, então acionista da Telemar, tinha relações comerciais com a Gamecorp, de Fábio Luís. Coincindência, ou não, em 2008 o Governo Lula permitiu uma mudança na lei de fusões que beneficou exatamente Jereissati. O governo petista também disponibilizou fartos recursos públicos (do BNDES e do Banco do Brasil [4]) para que o empresário adquirisse a Brasil Telecom e reinasse soberano no mercado. [5]


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[1] Município do litoral gaúcho terá um dos maiores complexos eólicos da América Latina (14/09/2012):

[2] Saudades do PSDB com um projeto político nítido. Gustvo Franco, novembro de 2010. (30/11/2010):

[3] Gustavo Franco: O Brasil está correndo sérios riscos com a inflação (29/ 04/ 2011):

[4] Entenda o processo de fusão entre a Oi e a Brasil Telecom (17/12/2008):

[5] Oi anuncia compra da Brasil Telecom por R$ 5,8 bilhões (25/04/2008):
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