sexta-feira, 6 de abril de 2012

Aposentado grego se suicida e deixa mensagem para os explorados

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Dimitris Christoulas, farmacêutico grego aposentado, 77 anos, disparou um tiro sobre a própria cabeça na última quarta-feira (04/04) próximo a uma árvore em plena Praça Syntagma, Atenas.

A crescente pauperização da vida social na Grécia resultante dos planos de ajuste neoliberal praticado pelos governos submissos ao capital, e que não poupa nem os aposentados, motivou o ato.

Como parte dos planos para "salvar" o país helênico as aposentadorias foram reduzidas de 15% a 20% atingindo em cheio o orçamento das famílias.

No bolso do casaco de Cristoulas foi encontrado um bilhete onde ele justificava o suicídio e exortava os explorados a resistir:


"O governo de Tsolakoglou acabou com a possibilidade de eu poder sobreviver com uma pensão digna, que paguei sozinho durante 35 anos sem nenhuma ajuda do Estado. E, sendo que a minha idade avançada não me permite reagir de forma dinâmica (embora se um colega grego pegasse uma Kalashnikov, eu estaria bem atrás dele), não vejo outra solução senão pôr, de forma digna, fim à minha vida, para que eu não me veja obrigado a revirar o lixo para assegurar o meu sustento. Eu acredito que os jovens sem futuro um dia vão pegar em armas e pendurar os traidores deste país na praça Syntagma, assim como os italianos fizeram com Mussolini em 1945."


Tsolakoglou foi Primeiro Ministro da Grécia em 1941 e permitiu a entrada dos nazistas no país. Assim o aposentado fez a analogia daquele governo com o atual que permite a entrada da banca que confisca o presente e o futuro do seu povo.

A morte do aposentado gerou comoção e revolta. Tão logo chegou ao seu conhecimento e o povo se concentrou na Praça Syntagma para prestar homenagens a Cristoulas e protestar contra o governo. Alguns manifestantes foram presos.

As taxas de suicídio na Grécia têm crescido com a crise social. Só em 2010 o aumento foi de 18%, sendo de 25% a alta apenas em Atenas. Antes da crise o país tinha a menor taxa de suicídio da Europa.

O suicídio de Cristoulas fez muitos lembrar do tunisino Mohamed Bouazizi, vendedor ambulante cujo suicídio foi a gota que fez o copo transbordar e desembocar na revolta que derrubou Ben Ali e inspirou outros movimentos pelo mundo árabe.

Se o mesmo se passará na Grécia e se o povo de Christoulas pegará em armas ainda não se sabe. O certo é que os planos de ajustes do capital exigirão uma reação cada vez mais organizada e decidida do povo contra o status quo.
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