segunda-feira, 28 de março de 2011

Triste ironia da História: recolonização da África é estabelecida por um líder negro

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Utilizando palavras que lembram o seu antecessor, George W. Bush, Barack Obama afirma a prevalência, nem que seja pela força, dos "valores" estadunidenses e anuncia a neocolonização da África, através da intervenção na Líbia. Triste ironia da História: é uma liderança negra que estabelece a recolonização da África.

"Conscientes dos riscos e custos de uma ação militar, somos naturalmente reticentes ao uso da força para resolver os problemas mundiais, mas quando nossos interesses e nossos valores são ameaçados, temos a responsabilidade de agir. (...) É isto o que ocorre na Líbia", disse Obama.[*]

Quais seriam "os valores ameaçados" dos estadunidenses na Líbia? É um discurso que lembra, em muito, os governantes dos países imperialistas na Primeira Guerra Mundial. Mas Obama chega a declarar abertamente que há "interesses" de seu país "ameaçados" na Líbia. Mais claro do que isso impossível!

Para completar Obama agitou a questão da democracia e ressaltou que "há gerações os Estados Unidos têm um papel único na segurança mundial e na defesa da liberdade".

Se colocadas soltas e se perguntasse quem seria o autor de tais frases, certamente a maioria iria responder: George W. Bush! Poucos imaginariam ter saído da boca do "Nobel da Paz" (tsc!), do negro que ascendeu socialmente e serviu de propaganda para o status quo manter a maioria dos negros explorados com a esperança, vã, de que também podem "chegar lá!"

Além da retomada do projeto neocolonial deve-se começar a discutir a problemática da simples "inclusão" dos excluídos em uma estrutura social injusta e exploradora. Inclusão não pode e não deve ser confundida com emancipação. Não basta dar a oportunidade para que os setores explorados possam se apossar um momento do chicote para deitá-lo na sequência nas costas dos demais explorados. É preciso buscar a emancipação dos explorados, o que só será possível em outra formação societária. O discurso pós-moderno, fragmentando a luta social em sujeitos, teve como horizonte a simples inclusão de tais sujeitos na ordem vigente. Devem estar contentes com a triste ironia histórica da recolonização africana estar sendo liderada por um negro "incluído".


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[*] Obama não quer repetir erros do Iraque na Líbia (28/03/2011):
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1&section=Mundo&newsID=a3255643.xml
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